CINEMA Entrevista com Maria Ribeiro
22/12/08 por Andre Deak
O jeito de menina de Maria Ribeiro esconde uma atriz formada, com discurso objetivo e personalidade forte. Presente no debate Perspectivas de Mercado no Cinema Brasileiro, realizado na CPFL Cultura, no dia 18 de março de 2008, Maria falou de suas paixões e convicções na entrevista que segue.
O cinema nacional está dando uma “guinada”, com o aumento no número de produções, embora a distribuição ainda seja comprometida, pois poucas pessoas têm acesso ao cinema. Você acha que o momento também é bom para o artista brasileiro?
Acho que sim, é uma sorte fazer parte desta geração. Amigos meus mais velhos fizeram muito pouco cinema. Atores com vinte anos de carreira têm apenas filmes contemporâneos. Acho que o mercado realmente está muito bom, embora ainda não seja possível viver de cinema no Brasil. Se você é ator, ou você vai para a televisão, que também vive um momento ótimo para atores, já que temos quatro emissoras fazendo novelas, ou parte para as campanhas publicitárias. Até o Selton Mello, que só faz cinema hoje, precisa participar de campanhas publicitárias e vive muito bem com isso.
Como você se sente em fazer parte de um dos únicos filmes brasileiros que ganharam o Urso de Ouro? Como você analisa esta premiação para o cinema brasileiro?
Eu fico muito feliz e honrada por ter feito esse filme, acho que foi muito bom estar em Berlim. Eu estava até sem grana para ir ao festival, mas decidi me organizar e ir, pois é o tipo de coisa que acontece uma vez na vida. Acho que foi muito importante para o cinema brasileiro. As pessoas se interessam cada vez mais pelo nosso cinema... Eu espero que a organização destes festivais convide filmes com temáticas diferentes também, pois temos produções maravilhosas que não tratam somente de violência.
Alguns críticos acusaram o filme Tropa de Elite de passar uma mensagem fascista, que glorifica a tortura. O que você acha dessas críticas?
Eu acho essa crítica totalmente estúpida. Existe também uma coisa no Brasil que diz que fazer sucesso é pecado. Acho que o Tropa padece desse sucesso. Ele foi criticado pela imprensa do Rio e, em São Paulo, a Folha de S. Paulo fez entrevistas com alguns cineastas no dia de estréia do filme: o Hector Babenco falou mal, o Bruno Barreto falou mal, a Lúcia Murat falou mal... Enfim, acho que a pessoa pode discordar ou não do filme... É um filme, faça outro! Acho que só um débil mental acha que se você está mostrando uma coisa é porque você concorda com aquilo. Se for assim o Cláudio Assis também é fascista... Eu acho essa crítica totalmente idiota.
Quais são seus diretores preferidos? E seus filmes preferidos?
Eu amo o Truffaut. Os filmes dele estão entre os meus preferidos, como O homem que amava as mulheres e Os incompreendidos. Entre os brasileiros, eu gosto muito do Jorge Furtado, acho que ele é absolutamente genial. Gosto também do Domingos Oliveira, com quem eu mais trabalhei.
Existe espaço no mercado brasileiro para filmes de fantasia, terror ou ficção científica? Porque é tão raro ver esse tipo de produção nacional? Acho que tem espaço para tudo, é só uma questão de tradição. Talvez o primeiro vai penar mais que o segundo... Recentemente tivemos algumas animações, temos alguns filmes infantis... Acho que podemos produzir o que quisermos. Também não acredito que as produtoras investem em certos tipos de filmes, isso é uma ilusão, pois os cineastas não fazem filmes pensando no público, cada um quer fazer seu filme.
Qual foi o trabalho que você mais gostou de fazer como atriz?
Gostei muito de fazer a escrava Isaura. No cinema gostei muito de fazer o filme Tolerância e oTropa de Elite, é claro, que foi muito intenso.
Tem novos projetos para a TV, cinema ou teatro?
Estou contratada pela Record, mas ainda não sei exatamente o que vou fazer para a TV. No cinema, vou fazer o filme Gabriel, do Jorge Duran, e o outro que é um filme que será lançado no festival de Recife, chamado Ouro Negro, de Isa Albuquerque.
TV CULTURA
22/12/08 por Andre Deak
O jeito de menina de Maria Ribeiro esconde uma atriz formada, com discurso objetivo e personalidade forte. Presente no debate Perspectivas de Mercado no Cinema Brasileiro, realizado na CPFL Cultura, no dia 18 de março de 2008, Maria falou de suas paixões e convicções na entrevista que segue.
O cinema nacional está dando uma “guinada”, com o aumento no número de produções, embora a distribuição ainda seja comprometida, pois poucas pessoas têm acesso ao cinema. Você acha que o momento também é bom para o artista brasileiro?
Acho que sim, é uma sorte fazer parte desta geração. Amigos meus mais velhos fizeram muito pouco cinema. Atores com vinte anos de carreira têm apenas filmes contemporâneos. Acho que o mercado realmente está muito bom, embora ainda não seja possível viver de cinema no Brasil. Se você é ator, ou você vai para a televisão, que também vive um momento ótimo para atores, já que temos quatro emissoras fazendo novelas, ou parte para as campanhas publicitárias. Até o Selton Mello, que só faz cinema hoje, precisa participar de campanhas publicitárias e vive muito bem com isso.
Como você se sente em fazer parte de um dos únicos filmes brasileiros que ganharam o Urso de Ouro? Como você analisa esta premiação para o cinema brasileiro?
Eu fico muito feliz e honrada por ter feito esse filme, acho que foi muito bom estar em Berlim. Eu estava até sem grana para ir ao festival, mas decidi me organizar e ir, pois é o tipo de coisa que acontece uma vez na vida. Acho que foi muito importante para o cinema brasileiro. As pessoas se interessam cada vez mais pelo nosso cinema... Eu espero que a organização destes festivais convide filmes com temáticas diferentes também, pois temos produções maravilhosas que não tratam somente de violência.
Alguns críticos acusaram o filme Tropa de Elite de passar uma mensagem fascista, que glorifica a tortura. O que você acha dessas críticas?
Eu acho essa crítica totalmente estúpida. Existe também uma coisa no Brasil que diz que fazer sucesso é pecado. Acho que o Tropa padece desse sucesso. Ele foi criticado pela imprensa do Rio e, em São Paulo, a Folha de S. Paulo fez entrevistas com alguns cineastas no dia de estréia do filme: o Hector Babenco falou mal, o Bruno Barreto falou mal, a Lúcia Murat falou mal... Enfim, acho que a pessoa pode discordar ou não do filme... É um filme, faça outro! Acho que só um débil mental acha que se você está mostrando uma coisa é porque você concorda com aquilo. Se for assim o Cláudio Assis também é fascista... Eu acho essa crítica totalmente idiota.
Quais são seus diretores preferidos? E seus filmes preferidos?
Eu amo o Truffaut. Os filmes dele estão entre os meus preferidos, como O homem que amava as mulheres e Os incompreendidos. Entre os brasileiros, eu gosto muito do Jorge Furtado, acho que ele é absolutamente genial. Gosto também do Domingos Oliveira, com quem eu mais trabalhei.
Existe espaço no mercado brasileiro para filmes de fantasia, terror ou ficção científica? Porque é tão raro ver esse tipo de produção nacional? Acho que tem espaço para tudo, é só uma questão de tradição. Talvez o primeiro vai penar mais que o segundo... Recentemente tivemos algumas animações, temos alguns filmes infantis... Acho que podemos produzir o que quisermos. Também não acredito que as produtoras investem em certos tipos de filmes, isso é uma ilusão, pois os cineastas não fazem filmes pensando no público, cada um quer fazer seu filme.
Qual foi o trabalho que você mais gostou de fazer como atriz?
Gostei muito de fazer a escrava Isaura. No cinema gostei muito de fazer o filme Tolerância e oTropa de Elite, é claro, que foi muito intenso.
Tem novos projetos para a TV, cinema ou teatro?
Estou contratada pela Record, mas ainda não sei exatamente o que vou fazer para a TV. No cinema, vou fazer o filme Gabriel, do Jorge Duran, e o outro que é um filme que será lançado no festival de Recife, chamado Ouro Negro, de Isa Albuquerque.
TV CULTURA
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